Consulta marcada no dentista, depois do almoço. Obturação, fio dental, escova, etc. Calor de janeiro, férias de crianças, consultório quase vazio. A televisão vertendo sangue e esperma pelas paredes da recepção. Meia hora de atraso, o Magarefe diplomado chama meu nome. Custo a ouvir, pois a rainha de todas as salas fala muito mais alto. Dou-me conta de que fiquei velho. O dentista é um rapazote, franzino, baixinho, mas com nome pomposo, que prefero esquecer. Não vejo sua boca, que já está mascarada. De poucas falas, vai direto ao assunto e começa as “carícias”. Deitado praticamente de ponta a cabeça naquela cadeira desconfortável, nada posso fazer a não ser filosofar sobre o tempo e o sofrimento. Filosofar sozinho, quase alijado de mim mesmo, já que a cada 30 segundos quase saio do corpo com as cutucadas sutis no meu nervo dental aparentemente exposto. E sobre o que poderia meditar? No início começo a antecipar o café que tomaria no fim da tarde. As notícias desastrosas do d
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